Os artigos deste blogue expressam o pensamento de seus autores, e não refletem necessariamente o pensamento unânime absoluto da comunidade paroquial. Tal unanimidade seria resultado de um dogmatismo restrito e isso contraria o ethos episcopal anglicano. O objetivo deste blogue é fornecer subsídios para a reflexão e não doutrinação. Se você deseja enviar um artigo para publicação, entre em contato conosco e envie seu texto, para análise e decisão sobre a publicação. Artigos recebidos não serão necessariamente publicados.

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20 dezembro 2016

O Tempo Litúrgico do Natal

Natal 2O tempo Litúrgico do Natal começa com a Vigília de Natal (a noite de 24 de dezembro) e termina na Véspera do Dia da Epifania do Senhor (6 de janeiro).
Tempo de festa e alegria, a Igreja relembra a chegada de nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus que se tornou carne humana, e vive conosco para sempre!
Na Celebração da Natividade do Senhor ascende-se a quinta vela da Coroa do Advento, de cor branca, símbolo do Cristo, a Luz do Mundo!
Para as pessoas que vivem acima do Equador, portanto no hemisfério norte, é Inverno, o clima é muito frio e as noites são longas. Mas para nós, que vivemos no hemisfério sul, é Verão; portanto, faz calor e as noites são curtas. Por isso, nós não percebemos bem o simbolismo do Natal, uma festa de luz e de alegria, de esperança renovada.

19 novembro 2016

Que Rei é este?

Jesus na Cruz 2As Igrejas de tradição Anglicana, bem como a Igreja Romana e, em alguns lugares, várias outras denominações cristãs protestantes, incluindo os luteranos, alguns presbiterianos e metodistas, celebram, em honra de Cristo, a Festa de Cristo Rei, ou como diz no nosso Livro de Oração Comum, a Festa de Jesus Cristo, Rei do universo, no último domingo do ano litúrgico, antes que o novo ano comece com o primeiro domingo do Advento.
O belo poema de Paulo, na carta aos Filipenses, descreve muito bem a maneira de como o Senhor manifesta o Seu Poder e nos dá pistas para entender o Seu Reinado:
   “Ele tinha a natureza de Deus, mas não se impôs como igual a Deus. Pelo contrário, ele abriu mão de tudo o que era seu e tomou a natureza de servo, tornando-se assim igual aos seres humanos. E, vivendo a vida comum de um ser humano, ele foi humilde e obedeceu a Deus até a morte — morte de cruz.Por isso Deus deu a Jesus a mais alta honra e pôs nele o nome que é o mais importante de todos os nomes, para que, em homenagem ao nome de Jesus, todas as criaturas no céu,na terra e no mundo dos mortos, caiam de joelhos e declarem abertamente que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus, o Pai”. (Filipenses 2. 6-11)

26 outubro 2016

Uma questão de Justiça!

Viuva Chata 2a ovalA conhecida parábola “O Juiz Iníquo” é geralmente interpretada como uma orientação sobre a necessidade de se insistir na oração diante de Deus. Ou seja, Deus é como o juiz iníquo! Arrogante, e cheio de si, tipo aqueles que sempre perguntam ao interlocutor: “sabe com quem está falando?”. Seria Deus tão arrogante assim?  Jesus estava dizendo isso sobre o Papai?
Com certeza, não! Tal identidade contradiz tudo que Jesus nos ensina sobre Papai. Então, o objetivo da parábola é outro.  Vamos ao texto:
1 Jesus contou a seguinte parábola, mostrando aos discípulos que deviam orar sempre e  nun-ca desanimar: 2  — Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus e não respeitava ninguém. 3 Nessa cidade morava uma viúva que sempre o procurava para pedir justiça, dizendo: “Ajude-me e julgue o meu caso contra o meu adversário!” 4  — Durante muito tempo o juiz não quis julgar o caso da viúva, mas afinal pensou assim: “É verdade que eu não temo a Deus e também não respeito ninguém. 5 Porém, como esta viúva continua me aborrecendo, vou dar a sentença a favor dela. Se eu não fizer isso, ela não vai parar de vir me amolar até acabar comigo.” 6 E o Senhor continuou: — Prestem atenção naquilo que aquele juiz desonesto disse. 7 Será, então, que Deus não vai fazer justiça a favor do seu próprio povo, que grita por socorro dia e noite? Será que ele vai demorar para ajudá-lo? 8 Eu afirmo a vocês que ele julgará a favor do seu povo e fará isso bem depressa. Mas, quando o Filho do Homem vier, será que vai encontrar fé na terra? (Lucas 18.1-8 / NTLH)

28 agosto 2016

Vem ai o Centenário! Centenário???

IgrejaNossa Comunidade paroquial completou este mês de agosto, 99 anos. Quando falamos assim, temos a impressão de uma continuidade no tempo, sem interrupções, como se fôssemos a mesma comunidade que surgiu na Rua Aprazível, no alto de Santa Teresa, em 1917*.  Na verdade, somos e não somos!

Somos, à medida em que a comunidade hoje existente mantém a mesma Tradição, a mesma identidade e a mesma presença de testemunho solidário em Santa Teresa, desde quando o Rev. Meen aqui chegou atendendo ao chamado do Dr. Francisco de Castro Junior, para cuidar da espiritualidade das pessoas internadas na Assistência de Santa Teresa, pessoas pobres que sofriam de febre amarela e tuberculose.  Somos, à medida que hoje nossa pequena comunidade herdou o belo templo e a responsabilidade de mantê-lo e preservá-lo. Somos, à medida que os clérigos e clérigas que hoje presidem em nosso altar e ensinam em nosso púlpito seguem a mesma orientação doutrinária e litúrgica em sucessão às gerações de clérigos que exerceram seu ministério diaconal e sacerdotal como Ministros Encarregados e posteriormente Párocos, Coadutores e Colaboradores. A mesma herança apostólica ordenou aqueles clérigos do passado e os do momento presente.

Mas não somos, se considerarmos que a maioria de nós que hoje pertence à comunidade, ou a frequenta, não descende daquelas pessoas que há 99 anos fundaram a comunidade. Não somos, portanto descendetes dos fundadores, embora os consideremos nossos Ancestrais (mas não Antepassados). Hoje somos uma comunidade pequena de pessoas que optaram a prosseguir seu seguimento a Jesus o Cristo nesta tradição, se reunindo em adoração e serviço neste templo, na comunhão desta denominação religiosa cristã, parte da Única, Una e Diversa Igreja de Cristo, espalhada por todo o mundo em diferentes formatos, tradições, ritos e expressões de sua fé.

07 abril 2016

DEUS NOS LIVRE DE UM BISPO DE SUCESSO!

Traduzido do site Episcopal Café – 29/09/15  pelo Rev. Daniel Rangel


A Mitra do Sucesso!
Stephen Cottrell, o bispo da Diocese Chelmsford, na Igreja da Inglaterra, fez o sermão da consagração de três novos Bispos da Diocese de Londres: Anne Hollinghurst, Ric Thorpe e Ruth Worsley.

No sermão ele falou de três papéis importante para ser um bispo:  mensageiro, vigia (em oração) e pastor. E comentou como o Espírito Santo tem trabalhado em sua vida para torná-lo uma pessoa mais próxima de ser digno desta vocação ao qual foi chamado...

"No início deste ano eu fiz aquela coisa que muitos de nos bispos (da Inglaterra) fazem depois de eleito. Eu coloquei uma tenda no jardim da minha casa e convidei varias pessoas e grupos, para almoçar comigo, dia após dia, para agradecer ao voto de confiança a mim depositado.  O primeiro grupo que chamei foi o do clero aposentado da Diocese,  foi uma maneira de dizer obrigado. Sem eles a Igreja da Inglaterra seria rapidamente destruída. Alguns deles chegaram cedo, muito cedo, muito, muito cedo. Para vocês terem uma ideia, olhei para fora da minha janela por volta de dez horas da manhã e já encontrava várias (senhores e senhoras)  que me esperavam no jardim. Uma breve rodada cumprimentos e alguém que tinha me conhecido quando eu era adolescente me cumprimentou. Lembrei dele vagamente e das pessoas que ele estava comentando da minha adolescência. Ele me disse que estava surpreso quando soube que eu tinha me tornado o bispo dele. ‘Oh’ , ele exclamou e disse: ‘Espero que você tenha mudado desde de então?’  Eu respondi constrangido. ‘Sim!’. Eu continuei: ‘Bem, obrigado pelo voto de confiança!’ ”

26 março 2016

A Paixão de Jesus

(este texto é extrato do Ofício da Paixão - L.O.C. 2015 - realizado na Paróquia nesta Sexta Feira da Paixão; é partilhado aqui para servir com inspiração e meditação neste Sábado Santo - foram omitidas as orações, coletas e cânticos)

TRAIÇÃO
Lemos no Evangelho segundo João:   (João 18:1-5)
Tendo terminado de orar, Jesus saiu com os seus discípulos e atravessou o vale do Cedrom. Do outro lado havia um olival, onde entrou com eles.
Ora, Judas, o traidor, conhecia aquele lugar, porque Jesus muitas vezes se reunira ali com os seus discípulos.
Então Judas foi para o olival, levando consigo um destacamento de soldados e alguns guardas enviados pelos chefes dos sacerdotes e fariseus, levando tochas, lanternas e armas. Jesus, sabendo tudo o que lhe ia acontecer, saiu e lhes perguntou:
_"A quem vocês estão procurando? "
_"A Jesus de Nazaré", responderam eles.
_"Sou eu", disse Jesus. (e Judas, o traidor, estava com eles. )

23 fevereiro 2016

Justiça, Misericórdia e Perdão


Na Bíblia, a palavra “misericórdia” aparece centenas de vezes.  Eu afirmo, até, que “misericórdia” é um dos grandes temas bíblicos. Acima de tudo, a Bíblia revela a Misericórdia de Deus, o Deus Misericordioso e Justo. Sim, porque Misericórdia e Justiça são lados de uma mesma figura, no conceito bíblico! É Deus quem julga a humanidade e Sua Justiça se baseia na Misericórdia
Em Mateus 5:7 Jesus diz: “ Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia”. Deus é misericordioso com quem exerce a misericórdia: “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.” (Tiago 2:13), ou seja a misericórdia está acima do juízo!  Assim, a misericórdia é algo a ser exercida como obediência a Deus! O julgamento de Deus se baseia no critério de cada pessoa.  Jesus afirmou “Porque, com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.” (Mateus 7:2).
Todavia, quando pensamos em julgamento por Deus, muitas vezes imaginamos o Senhor como um juiz severo e mal encarado, feliz em condenar sem apelações (na verdade, em nossa cultura ocidental fomos ensinados assim!). Mas não é assim! Porque o juízo misericordioso de Deus tem, como prioridade, o Perdão!  O Perdão é o terceiro lado que compõe, com a Misericórdia e a Justiça , a figura imaginária do Deus Amoroso que se revela em Jesus, o Cristo.

11 fevereiro 2016

Deus é muito chato!

Não estou blasfemando! Isso é dito, com muitas palavras indignadas, no Livro de Jonas.

O Livro de Jonas é uma fábula. Explico: seu texto é um tanto absurdo, mas traz uma lição importante: a lição sobre o que significa ser Profeta.  Trata-se de um texto singelo e até divertido; é um desabafo e, ao mesmo tempo, uma advertência para quem recebe o chamado para ser Profeta (e o aceita).

Vamos ver o que o Livro de Jonas nos ensina sobre o ser Profeta (as citações são da Nova Tradução na Linguagem de Hoje, da Sociedade Bíblica do Brasil)

Certo dia, o SENHOR Deus disse a Jonas, filho de Amitai:  — “Apronte-se, vá à grande cidade de Nínive e grite contra ela, porque a maldade daquela gente chegou aos meus ouvidos”. Jonas se aprontou, mas fugiu do SENHOR, indo na direção contrária. Ele desceu a Jope e ali encontrou um navio que estava de saída para a Espanha. Pagou a passagem e embarcou a fim de viajar com os marinheiros para a Espanha, para longe do SENHOR.  (Jn 1.1-2)


Estava lá o Jonas, tranquilo e sossegado, cuidando de sua vida. Então Deus o chamou e o mandou ir a Nínive! Caramba! Nínive?! a capital da Assíria, um Império cruel (como todos os Impérios), que arrasou o Reino do Norte (Israel) e levou seu povo ao cativeiro?!?! Mas que coisa chata!

05 fevereiro 2016

Reflexão para a Quaresma: A Verdade que Liberta!

  [As citações bíblicas neste artigo são da Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH -SBB)]
           Romanos 14 apresenta, no meu entender, algo contundente: o Senhor não toma nenhuma posição sobre as nossas querelas doutrinárias, religiosas, de costumes e de moral. De certa forma o Apóstolo São Paulo apresenta um critério ético para que possamos conviver com as nossas diferenças.
 “Aceitem entre vocês quem é fraco na fé sem criticar as opiniões dessa pessoa.  Por exemplo, algumas pessoas creem que podem comer de tudo, mas quem é fraco na fé come somente verduras e legumes.  Quem come de tudo não deve desprezar quem não faz isso, e quem só come verduras e legumes não deve condenar quem come de tudo, pois Deus o aceitou.
 Quem é você para julgar o escravo de alguém? Se ele vai vencer ou fracassar, isso é da conta do dono dele. E ele vai vencer porque o Senhor pode fazê-lo vencer.
 Algumas pessoas pensam que certos dias são mais importantes do que outros, enquanto que outras pessoas pensam que todos os dias são iguais. Cada um deve estar bem firme nas suas opiniões.  Quem dá mais valor a certo dia faz isso para honrar o Senhor. E também quem come de tudo faz isso para honrar o Senhor, pois agradece a Deus o alimento. E quem evita comer certas coisas faz isso para honrar o Senhor e dá graças a Deus.”   (Rom 14. 1-6)
O acolhimento de quem está “fraco na fé” não deve ser para contendas.  Para muitos cristãos, os que não creem como eles creem, são “fracos na fé”, “heréticos”, possessos do demônio...  Surgem então as discussões infindáveis, que aumentam o preconceito de uns com os outros e de outros com os uns (preconceito gera preconceito)!  As discussões progridem para a ira, porque se tornam prisioneiras da “verdade absoluta”;  a ira gera intolerância e a intolerância gera a perseguição.  Nada melhor que “verdades absolutas” para gerar a histeria do fanatismo e da violência!