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30 dezembro 2011

E a vida continua…

Maria e José levam Jesus ao templo para ação de graças, cumprindo o preceito.Dia 19 de dezembro completou um ano que assumi a Paróquia. Foi um tempo de tentativas, acertos e erros, uma experiência bastante rica e sou grato a Deus pelo retorno ao pastorado depois de passar quase 15 anos servindo ao Senhor e à Igreja de Cristo no movimento ecumênico e no ensino teológico.
Sinto-me feliz em ser o Pároco da São Paulo Apóstolo, a terceira Igreja Episcopal do Rio de Janeiro.  Por aqui passaram alguns pregadores ilustres e grandes pastores; eu me sinto honrado pelos ancestrais de meu pastorado aqui, e tento ser digno de seguir as trilhas abertas por eles. Este ano em Santa Teresa foi muito rico em experiências de convívio, partilha e solidariedade em Cristo.
O serviço oferecido pela São Paulo Apóstolo é serviço religioso de solidariedade e acolhimento em nome de Cristo. Somos uma comunidade aberta e inclusiva que reconhece a diversidade humana como dom de Deus, Pai e Mãe da Humanidade. Nesse sentido, seguimos o caminho aberto pela nossa antecessora, a Rev. Inamar, que, de fato, colocou esta Igreja “na rua”, como presença ativa, solidária e engajada com a população de Santa Teresa.
A São Paulo Apóstolo não é uma paróquia típica. Na verdade, ela tem sido, no decorrer dos anos, um serviço de capelania, um espaço de acolhimento e um dos sinais da presença de Deus em Santa Teresa, um bairro também atípico. Enquanto Equipe Pastoral, o Rev. Daniel, o Frei Fabiano e eu temos dado continuidade a isso, porque sentimos ser essa a vocação desta pequena comunidade episcopaliana, neste tempo de vida líquida e multiplicidade conceitual. Desenvolver alternativas de Pastoral Urbana e de testemunho solidário, no contexto típico de Santa Teresa, é o desafio que nos anima. Uma pastoral dirigida não só aos moradores do bairro, mas também aos nossos paroquianos que não residem aqui por perto e à grande quantidade de turistas e visitantes que passam por aqui quase todos os dias.
As características peculiares da nossa comunidade nos animam a desenvolver pesquisas em alternativas de liturgia e esperamos aos poucos utilizar a vocação artística do bairro para somar à nossa liturgia e espiritualidade. Aprendemos muito no ano que termina, e temos planos para prosseguir nossa vocação enquanto comunidade de fé e testemunho cristão.
Durante a Primavera, hospedamos três casais de pássaros no adro (jardim) do templo paroquial.  Um casal de rolinhas construiu seu ninho entre os arbustos laterais. Um casal de sabiás logo acima deles, também construiu um ninho. E, no poste à esquina do templo, um casal de andorinhas brancas chegou e ocupou um antigo ninho lá existente (provavelmente utilizado pelo mesmo casal em anos anteriores).  Diariamente eu e o Marcos, nosso Sacristão, observávamos os casais; viviam em paz entre eles e partilhavam a comida que espalhávamos pelo jardim. Vimos quando apareceram os ovos; acompanhamos o tempo de maturação; e nos alegramos quando eclodiram, quase ao mesmo tempo: duas rolinhas, dois sabiás e três andorinhas brancas! Nos temporais que chegaram ao final da primavera, ficávamos preocupados com eles e nos alegrávamos ao ver que haviam sobrevivido bravamente. Foi muito bonito ver o cuidado do Marcos quando, ao podar os arbustos, evitava assustar os pássaros.
Os filhotinhos cresceram e há alguns dias alçaram vôo. O casal de andorinhas permanece unido no ninho agora vazio e vemos seus filhotes sempre voando por perto.  Os sabiás e as rolinhas também estão por perto, mas não vivem mais no jardim. Ao final do verão, com certeza, as andorinhas partirão para o norte onde reviverão o milagre da vida com novos filhotes; nós ficaremos esperando seu retorno na próxima primavera. As andorinhas sempre voltam ao ninho antigo e formam casais estáveis pela vida toda!
A vida continua! segue seus ritmos e seus rumos. O Menino que acolhemos no Natal segue conosco no dia a dia, animando e encorajando todos nós a prosseguirmos rumo aos horizontes que vislumbramos em esperança.
Convidamos você a seguir e caminhar conosco! Queremos acolher você e partilhar com você nossa oração e a vivência solidária no amor de Deus em Cristo, Jesus.
Feliz Ano Novo!
Rev. Luiz Caetano, ost
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23 dezembro 2011

A Natividade do Senhor

ImanênciaMuitas tradições antigas, especialmente no Oriente, apresentam várias narrativas sobre o nascimento de heróis, semideuses ou deuses, de uma virgem. Assim, a narrativa de São Lucas sobre o nascimento de Jesus é algo muito semelhante. Escrevendo no universo helenista, Lucas, que era um grego, seguiu a mesma linha de pensamento ao compor o mito sobre o nascimento de Jesus (Lucas 1.26-38; 2.1-20).
Mito não é uma mentira! Também não significa uma verdade histórica positiva.  Mito é a maneira de interpretar uma situação histórica dentro de um referencial de mistério, uma tentativa de dizer o indizível. Mito não significa falsidade, mas é alguma coisa como a poesia: diz mais que as palavras… fala mais ao coração que à razão. Ao contrário das lendas, os mitos se referem à uma realidade histórica interpretada à partir de uma visão de mundo que se desenvolve no cotidiano. Todas as culturas humanas, de todas as épocas, se fundamentam em mitos. 
O mito, ao contrário da lenda, fundamenta um sentimento de esperança que não se limita no tempo, mas aponta para a transcendência e tem um horizonte aberto para o futuro, uma esperança que pode ser experimentada e construída!
Lucas não pretendia contar o nascimento de Jesus; afinal esse era um fato conhecido pela Igreja onde surge o texto do Evangelho. O evangelista quis mostrar aos gregos, e à diversidade do mundo helenista do Império Romano, quem é Jesus, o Cristo. E usou uma linguagem que eles compreendiam: o mito do nascimento de um deus. Assim, a narrativa de Lucas não pretende ser uma narrativa histórica positiva; é uma narrativa mítica que pretende afirmar o mistério da presença de Deus na vida humana.
Todavia, a narrativa do nascimento de Jesus, apresentado por Lucas, enquanto mito, é exatamente o oposto dos mitos heroicos antigos, conhecidos pelos gregos, egípcios, persas, hindus. O menino nascido da Virgem não se manifesta como um deus, não opera maravilhas, não surge em um lugar de honra. Pelo contrário, nasce na periferia da periferia, longe dos palácios e das glórias humanas, e precisa ser reconhecido, como o foi pelos pastores e pelos magos do oriente, mas não pelo Rei Herodes…  O Cristo não se manifesta em glória, mas na humildade e na fragilidade de um bebê humano, totalmente dependente e incógnito. Nem todos O reconhecem!
Assim, o nascimento de Jesus surge como uma nova maneira de falar do Sagrado, apresenta um Deus diferente, afirma a Presença de Deus entre as pessoas e não acima delas no inatingível da transcendência. Ele se manifesta como Deus Conosco, não como Rei, mas como Servo, e é nessa perspectiva que Seu ministério se desenrola. Seu Reinado é aos poucos percebido por aqueles que O acolhem e caminham com Ele. Na convivência com Jesus, os discípulos e discípulas vão descobrindo o Cristo, o Ungido de Deus, o Filho de Deus, o Deus Encarnado (em carne!). Essa aventura da descoberta atinge seu auge após a Paixão, quando O percebem ressuscitado e vivo entre eles.
O Evangelho é, assim, a afirmação do mergulho da transcendência de Deus na imanência da vida humana; por isso o Cristo é chamado Deus Conosco! “O Senhor está aqui!”, dizemos na liturgia da missa. Não somos nós que vamos em direção a Deus, mas é Deus quem vem caminhar conosco! Este é o cerne do Evangelho! E isso é sempre uma grande novidade: a gratuidade do amor de Deus move nossa esperança de felicidade e de vida em plenitude, apesar de todos os desamores desta vida.
Tenha certeza disso: Deus ama você primeiro, aceita você como você é e transforma sua vida não a custa de sacrifícios, ameaças ou castigos, mas pela Sua ação amorosa radical, que na linguagem da Igreja se chama Graça! Assim ensinamos na Igreja Episcopal Anglicana.
O Natal é um convite para que você acolha um menino frágil, e caminhe com ele no decorrer da vida. Você perceberá que está caminhando com o Filho de Deus, o Senhor da Vida!
Acolha o Menino e deixe que Ele cresça em seu coração, permita que Ele se revele nos fatos simples da vida cotidiana. Isso sim é um Natal Feliz!
Rev. Luiz Caetano, ost+
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14 dezembro 2011

Reinado de Luz

A pazPorque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o SENHOR virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti. E os gentios caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu. Levanta em redor os teus olhos, e vê; todos estes já se ajuntaram, e vêm a ti; teus filhos virão de longe, e tuas filhas serão criadas ao teu lado. Então o verás, e serás iluminado, e o teu coração estremecerá e se alargará; porque a abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas dos gentios virão a ti. A multidão de camelos te cobrirá, os dromedários de Midiã e Efá; todos virão de Sabá; ouro e incenso trarão, e Publicarão os louvores do SENHOR. (Isaías 60.1-6)
Levanta e resplandece. Estas palavras anunciam o nascer de um novo dia, inaugurando um novo tempo de esperança para o Israel exilado em cativeiro. Isaías teve um sonho, baseado em sua fé, de que a Luz de Deus guiaria a esperança do povo para tempos melhores de justiça, respeito e paz.
Quando São João Batista enviou seus discípulos para perguntar a Jesus se ele era o Messias esperado, Jesus respondeu nos termos desta mensagem de Isaías (veja S.Lucas 7. 18-23).
As margens do rio Jordão, João pregou: Arrependei-vos que reino de Deus esta próximo (S.Mateus 3.2). Jesus chegou a Galileia pregando as boas novas … o reino de Deus está próximo (S.Marcos 1.15). Ambos refletem o sonho de Isaías que este reinado de Deus traria uma esperança, não midiática, mas de luz que brilha nas trevas ...vem a tua Luz.
Quando se fala em trevas, escuridão, ausência de luz, na literatura bíblica, quer dizer que este tempo é um tempo de desrespeito à paz, à justiça e à desigualdade social. Por isso que o profeta fala das trevas e escuridão, porque estava acontecendo isso no seu tempo. Mas veio a ele um sonho de esperança que renovaria a fé de seu povo, uma luz iria surgir trazendo o reinado de Deus.
Nas paginas dos Evangelhos vemos esta esperança se concretizando na figura do Cristo que restaurou a esperança de um povo também oprimido e desolado (Lucas 4.16-22). Este reinado de Deus que traz luz e gloria, destronou tudo que esta relacionado a escuridão. Mas isso não é feito por magica nem por imposição, isso é realizado e concretizado quando anunciamos e aplicamos esta boa nova no nosso dia a dia. Porque ainda hoje acontece, a fome, a miséria, a violência, onde existir isso, ainda as trevas reinam.
Por isso neste tempo de Advento somos relembrados destes sonhos dos profetas e confrontados com a ação de Cristo na história.
Assim, quando chegar, o Natal não será mais uma festa do calendário diário, mas a festa de um sonho concretizado na figura do Menino Deus que nasce entre nós. E que esta esperança se concretizará em todos os cantos do mundo onde houver escuridão e trevas. E os gentios caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu. Levanta em redor os teus olhos, e vê; todos estes já se ajuntaram...
Rev. Daniel Rangel Cabral Jr., ost - Diac.
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09 dezembro 2011

São Nicolau e Papai Noel

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Filho de nobres, Nicolau nasceu na cidade de Patara, na Ásia Menor, na metade do século III, por volta do ano 250. Foi consagrado bispo de Mira, atual Turquia, quando ainda era muito jovem e desenvolveu seu apostolado também na Palestina e no Egito.
Mais tarde, durante as perseguições do imperador Diocleciano, foi aprisionado até a época em que foi decretado o Edito de Constantino, sendo finalmente libertado. Segundo alguns historiadores, o bispo Nicolau esteve presente no primeiro Concílio de Nicéia, em 325.
Foi venerado como santo ainda em vida, tal era a fama que gozava entre o povo cristão da Ásia Menor. Morreu no dia 6 de dezembro de 326, em Mira. Imediatamente, o local da sepultura se tornou meta de intensa peregrinação.
São Nicolau é conhecido principalmente pelo seu carinho e cuidado para com os pobres e as crianças, já que ao receber por herança uma grande quantia de dinheiro, livremente partilhou com os necessitados. Certa vez, Nicolau sabendo que três pobres moças não tinham os dotes para o casamento e por isso o próprio pai, na loucura, aconselhou a prostituição, jogou pela janela da casa das moças três bolsas com o dinheiro suficiente para os dotes das jovens. Daí que nos países do Norte da Europa, usando da fantasia, viram em Nicolau o velho de barbas brancas que levava presentes às crianças no mês de dezembro. No hemisfério norte, dezembro é inverno.
O nome Nicolau vem de duas palavras gregas: nikos, que significa vitória, e de laos, “povo”; Nicolau significa, então, “vitória do povo”.
A origem do Papai Noel
Pela sua compaixão com os pobres e especialmente com as crianças, São Nicolau inspirou a lenda do Papai Noel; sendo confundido com ele. Chamado Nikolaus na Alemanha, passou a ser Santa Claus entre os anglo-saxões, Père Noël na França e Pai Natal em Portugal. No Brasil, é Papai Noel.
Havia em alguns lugares da Europa a tradição de, pelo Natal, presentear-se as crianças das aldeias com doces e brinquedos, como símbolo de homenagear o Menino Jesus, o Deus-Criança; era o próprio Menino Jesus quem trazia os presentes. Em algumas regiões, esses presentes eram dados na festa da Epifania, 6 de janeiro, quando era celebrada a visita dos Magos (que não eram reis) do oriente ao Menino Deus. Aos poucos essa tradição se firmou com a história de São Nicolau e a ele passou-se a atribuição de trazer os presentes…
Uma das pessoas que ajudaram a dar força à lenda do Papai Noel foi Clemente Clark Moore, um professor de literatura grega de Nova Iorque, que lançou o poema Uma Visita de São Nicolau, em 1822, escrito para seus seis filhos. Nesse poema, Moore divulgava a versão de que ele viajava num trenó puxado por renas. Ele também ajudou a popularizar outras características do bom velhinho, como o fato dele entrar pela chaminé.
Enquanto São Nicolau era originalmente retratado com trajes de bispo, atualmente Papai Noel é geralmente retratado como um homem rechonchudo, alegre e de barba branca trajando um casaco vermelho com gola e punho de manga brancos, calças vermelhas de bainha branca, e cinto e botas de couro preto.
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Antigamente, ele usava cores que tendiam mais para o marrom e costumava usar uma coroa de azevinhos na cabeça, mas não havia um padrão. Seu atual visual foi obra do cartunista Thomas Nast, na revista Harper's Weeklys, em 1886, na edição especial de Natal. Em alguns lugares na Europa, contudo, algumas vezes ele também é representado com os paramentos eclesiásticos de bispo, tendo, em vez do gorro vermelho, uma mitra episcopal.
Em 1931 a Coca-Cola realizou uma grande campanha publicitária vestindo Papai Noel ou Pai Natal ao mesmo modo de Nast, com as cores vermelha e branca, o que foi bastante conveniente, já que estas são as cores de seu rótulo. Tal campanha, destinada a promover o consumo de Coca-Cola no inverno (período em que as vendas da bebida eram baixas na época), fez um enorme sucesso e a nova imagem de Papai Noel ou Pai Natal espalhou-se rapidamente pelo mundo.  Essa imagem tem se mantido e reforçado por meio da música, rádio, televisão e filmes.
Recuperando o significado do Papai Noel
Hoje a figura do Papai Noel está intimamente relacionada ao consumismo desenfreado das festas de fim de ano. Lamentavelmente, se perdeu o significado original, inspirado na solidariedade e na compaixão. Papai Noel hoje é personagem da propaganda indutora do consumo disfarçado de gesto carinhoso na troca de presentes, sem nenhuma relação direta com a celebração cristã do nascimento de Cristo. 
Nesse sentido, não vale a pena combater Papai Noel, mas tentar trazer de volta seu significado maior de solidariedade e partilha, inspirado na figura de São Nicolau; uma atenção carinhosa às crianças sem necessariamente associar a ideia de consumo e trocas interesseiras. Por exemplo, reunir as crianças com o Papai Noel e conversar com elas, ouvi-las e contar estórias que provoque nelas uma reflexão simples sobre relações humanas, comportamento solidário, ecologia, etc.
Nessa esperança, o Papai Noel estará na Igreja de São Paulo Apóstolo aos domingos à tarde, para acolher as crianças que passarem por perto do templo, mostrar-lhes o presépio e contar estorinhas. E durante a semana, o Papai Noel tentará estar em vários espaços do Bairro de Santa Teresa visitando as crianças do lugar.
É uma modesta (e talvez ingênua) tentativa de apresentar uma alternativa mais adequada à celebração do Natal de Jesus, o Cristo, um serviço às crianças, em nome do Senhor.
Rev. Luiz Caetano, ost+
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05 dezembro 2011

Confie…

(figurinhas circulando pela Internet; não conhecemos a autoria)

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ATT00003                  ATT00004       

ATT00006                   ATT00007

Momentos felizes, louve a Deus.
Momentos difíceis, busque a Deus.
Momentos silenciosos, adore a Deus.
Momentos dolorosos, confie em Deus..
Cada momento, agradeça a Deus.

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