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11 setembro 2012

Diante de Jesus, não há neutralidade

TabernáculosDepois disso Jesus percorreu a Galileia, mantendo-se deliberadamente longe da Judéia, porque ali os judeus procuravam tirar-lhe a vida. Mas, ao se aproximar a festa judaica dos tabernáculos, os irmãos de Jesus lhe disseram: "Você deve sair daqui e ir para a Judéia, para que os seus discípulos possam ver as obras que você faz. Ninguém que deseja ser reconhecido publicamente age em segredo. Visto que você está fazendo estas coisas, mostre-se ao mundo". Pois nem os seus irmãos criam nele. Então Jesus lhes disse: "Para mim ainda não chegou o tempo certo; para vocês qualquer tempo é certo. O mundo não pode odiá-los, mas a mim odeia porque dou testemunho de que o que ele faz é mau. Vão vocês à festa; eu ainda não subirei a esta festa, porque para mim ainda não chegou o tempo apropriado". Tendo dito isso, permaneceu na Galileia. Contudo, depois que os seus irmãos subiram para a festa, ele também subiu, não abertamente, mas em segredo. Na festa os judeus o estavam esperando e perguntavam: "Onde está aquele homem? " Entre a multidão havia muitos boatos a respeito dele. Alguns diziam: "É um bom homem". Outros respondiam: "Não, ele está enganando o povo". Mas ninguém falava dele em público, por medo dos judeus. Quando a festa estava na metade, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar.  (João 7:1-14- Nova Versão Internacional)

A Festa dos Tabernáculos tinha como objetivo fazer o povo se lembrar do tempo em que morou em tendas, durante a peregrinação pelo deserto, e que Deus o sustentou ali, após livra-los da escravidão no Egito (Levíticos 23:33-43). Em hebraico, essa festa é chamada de Sucot – que significa tendas – e toda a região próxima a Jerusalém ficava coberta de cabanas ou tendas feitas de ramos de árvores. Todos os peregrinos ficavam vivendo em tendas durante aqueles dias. A Festa era também conhecida como Festa da Colheita, Festa da Sega, Festa das Cabanas; acontecia no sétimo mês do calendário judaico, cinco dias após o Dia da Expiação, e durava uma semana;  no oitavo havia uma celebração solene (Êxodo 23:16-17; 34:22). Era realizada logo após a colheita do trigo e dos frutos próprios da estação; assim, a celebração servia como memória da provisão divina, que nunca faltou, mesmo nos momentos mais duros, quando o povo viveu peregrino no deserto (Levíticos 23:43). Era a festa religiosa mais alegre naqueles tempos.

Jerusalém ficava lotada de peregrinos, vindos de todo o país.  Havia muita gente e também muitas atrações. Como em nossos dias, em grandes festas populares, havia  vendedores de diversas coisas, como os “camelôs” de nossos dias, e também pessoas que se autodenominavam profetas, curandeiros, e até quem se apresentava como sendo o Messias esperado.

Por isso, os irmãos de Jesus sugerem que ele procurasse o sucesso em meio à multidão que se reuniria para a Festa, mostrando publicamente os prodígios que Ele podia realizar! Para sua família, se Jesus fizesse sucesso, como alguns curandeiros faziam, ele ganharia muito dinheiro e sua família ganharia também prestígio. Nesse sentido, o texto nos mostra que Jesus recusa a ideia de sucesso. E manifesta seu desagrado com palavras duras: não era seu momento e chama seus irmãos de mundanos, de darem importância às glórias do mundo!

Os Evangelhos mostram, em muitos trechos, que Jesus sempre recusou autopromover-se a custa de “milagres”, sempre recomendou que não se desse publicidade quando realizava alguma cura. Porque Jesus não fazia milagres para autopromover-se, mas os fazia para sinalizar a ação de Deus e a chegada de Seu Reino. Importava para Jesus que as pessoas mudassem de atitude diante da vida e das relações sociais; não lhe interessava um séquito de admiradores dependentes e aduladores.

Mas podemos também nos perguntar se a sugestão dos irmãos de Jesus seria alguma insinuação cínica para que ele ficasse exposto aos que o perseguiam, testando sua coragem.  Porque Jesus já estava sendo perseguido pelos líderes religiosos que viviam da ignorância e da exploração do povo. Na verdade, Jesus nada fazia para provoca-los. Suas palavras e suas ações incomodavam porque por si mesmo denunciavam as más intenções daquelas pessoas. Vemos hoje muito disso em todas as situações humanas: em meio a pessoas desonestas, quem seja honesto – só pela sua atitude – denuncia os demais; um juiz que age com justiça denuncia, pelo seu gesto, aqueles que são venais ou estão a serviço de elites dominantes…  ou seja: a presença da bondade, da justiça, da solidariedade, denuncia por si só a maldade, a malignidade!

Assim, como hoje, também naquele tempo, os bons eram perseguidos porque sua simples presença revela a maldade que se oculta no cinismo e no populismo.

Jesus resolveu viajar incógnito até Jerusalém. Até mesmo para evitar que grupos de peregrinos começassem a seguí-lo à espera de milagres e prodígios… e também para não chamar a atenção dos seus perseguidores. Mas em Jerusalém, acabou expondo-se no Templo. E, na sequencia do texto acima, vê-se que as autoridades do templo o mandaram prender, mas o guardas se recusaram a cumprir a ordem; além disso, houve quem o defendesse entre as autoridades… (leia todo o capítulo 7 do Evangelho de João!).

Nas palavras de Jesus, o mundo o odeia! assim como o mundo odeia todos que denunciam, através das atitudes, a maldade que existe, a dureza de coração, o egoísmo, a injustiça, a ganância…

Jesus é uma personalidade que denuncia o mal em sua totalidade apenas demonstrando Sua bondade! Diante de Jesus não se fica em neutralidade: ou aceitamos sua atitude ou rejeitamos. A leitura da Palavra de Deus, especialmente dos Evangelhos, nos coloca diante de uma escolha: afinal, o que fazemos de nossas vidas? o que realmente nos importa? vai amar ou não vai amar?

Qual a tua resposta?

Rev. Luiz Caetano, ost.

(Este texto foi produzido a partir de uma reflexão com o Rev. Daniel e com a Simone Cunha, de Recife. Agradeço a ambos as sugestões.)

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