(este texto é extrato do Ofício da Paixão - L.O.C. 2015 - realizado na
Paróquia nesta Sexta Feira da Paixão; é partilhado aqui para servir com inspiração e meditação neste Sábado Santo - foram omitidas as orações, coletas e cânticos)
TRAIÇÃO
Lemos no
Evangelho segundo João: (João 18:1-5)
Tendo terminado de orar, Jesus saiu com os
seus discípulos e atravessou o vale do Cedrom. Do outro lado havia um olival,
onde entrou com eles.
Ora, Judas, o traidor, conhecia aquele
lugar, porque Jesus muitas vezes se reunira ali com os seus discípulos.
Então Judas foi para o olival, levando
consigo um destacamento de soldados e alguns guardas enviados pelos chefes dos
sacerdotes e fariseus, levando tochas, lanternas e armas. Jesus, sabendo tudo o
que lhe ia acontecer, saiu e lhes perguntou:
_"A quem vocês estão procurando?
"
_"A Jesus de Nazaré",
responderam eles.
_"Sou eu", disse Jesus. (e
Judas, o traidor, estava com eles. )
E, também, no Evangelho segundo Mateus (Mateus 26:48-50)
_"Aquele a quem eu saudar com um
beijo, é ele; prendam-no".
Dirigindo-se imediatamente a Jesus, Judas
disse:
_"Salve, Mestre!", e o beijou.
Jesus perguntou:
_"Amigo, que é que o traz? "
Então os homens se aproximaram, agarraram
Jesus e o prenderam.
Reflexão
Jesus recebe o traidor chamando-o de amigo. Recebe o beijo do amigo,
que se torna sinal da traição. Que tipo
de amigo foi Judas? Tenho ou tive amigos tais como Judas? Que tipo de amigo eu
tenho sido? Tenho sido amigo de Jesus?
NEGAÇÃO
Lemos no
Evangelho segundo Lucas: (Lucas
22:54-62)
Então, prendendo-o, levaram-no para a casa
do sumo sacerdote. Pedro os seguia à distância. Mas, quando acenderam um fogo
no meio do pátio e se sentaram ao redor dele, Pedro sentou-se com eles. Uma
criada o viu sentado ali à luz do fogo. Olhou fixamente para ele e disse:
_ "Este homem estava com
ele". Mas ele negou:
_"Mulher, não o conheço".
Pouco depois, um homem o viu e disse:
_"Você também é um deles".
_"Homem, não sou! ", respondeu Pedro.
Cerca de uma hora mais tarde, outro afirmou:
_"Certamente este homem estava com
ele, pois é Galileu".
Pedro respondeu:
_"Homem, não sei do que você está
falando! "
Falava ele ainda, quando o galo
cantou. O Senhor voltou-se e olhou
diretamente para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra que o Senhor lhe
tinha dito:
_"Antes que o galo cante hoje, você
me negará três vezes".
Saindo dali, chorou amargamente.
Reflexão
Teria sido o medo que levou Pedro a negar Jesus? o medo de ser perseguido
ou preso? teria sido vergonha em reconhecer fazer parte do grupo de Jesus? Como eu reagiria numa situação parecida? e se
eu estivesse no lugar de Pedro, naquele momento de crise e desesperança? há
outras formas de eu estar negando a Cristo hoje?
CONDENAÇÃO
Lemos no
Evangelho segundo Marcos: (Marcos
15:1-6; 11-15)
De manhã bem cedo, os chefes dos
sacerdotes com os líderes religiosos, os mestres da lei e todo o Sinédrio
chegaram a uma decisão. Amarrando Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos.
_"Você é o rei dos judeus? ",
perguntou Pilatos.
_"Tu o dizes", respondeu Jesus.
Os chefes dos sacerdotes o acusavam de
muitas coisas. Então Pilatos lhe perguntou novamente:
_"Você não vai responder? Veja de
quantas coisas o estão acusando".
Mas Jesus não respondeu nada, e Pilatos
ficou impressionado.
Por ocasião da festa, era costume soltar
um prisioneiro que o povo pedisse. Mas os chefes dos sacerdotes incitaram a
multidão a pedir que Pilatos, ao contrário, soltasse Barrabás.
_"Então, que farei com aquele a quem
vocês chamam rei dos judeus? ", perguntou-lhes Pilatos.
_"Crucifica-o", gritaram eles.
_"Por quê? Que crime ele cometeu?
", perguntou Pilatos. Mas eles gritavam ainda mais:
_"Crucifica-o! "
Desejando agradar a multidão, Pilatos
soltou-lhes Barrabás, mandou açoitar Jesus e o entregou para ser crucificado.
Reflexão
Diante do poder do Império, Jesus responde com ironia e depois fica em
silêncio, não deu qualquer importância ao que diziam sobre Ele. O poder
absoluto do Império não merece resposta do Filho de Deus. Mesmo diante da
injustiça, o Império tem de agradar às multidões. Quantas coisas hoje são
feitas e faladas para agradar as multidões... será que eu mesmo, diante de
muitas pessoas, digo coisas ou tomo atitudes para agradar, mesmo quando não
concordo? Seria eu um bajulador? que se cala diante da injustiça e da mentira
para não ser incômodo?
HUMILHAÇÃO
Lemos no
Evangelho segundo Marcos: (Marcos
15:16-21)
Os soldados levaram Jesus para dentro do
palácio, isto é, ao Pretório e reuniram toda a tropa. Vestiram-no com um manto
de púrpura, depois fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram nele.
E começaram a saudá-lo:
_"Salve, rei dos judeus! "
Batiam-lhe na cabeça com uma vara e
cuspiam nele. Ajoelhavam-se e lhe prestavam adoração. Depois de terem zombado
dele, tiraram-lhe o manto de púrpura e vestiram-lhe suas próprias roupas. Então
o levaram para fora, a fim de crucificá-lo. Certo homem de Cirene, chamado
Simão, pai de Alexandre e de Rufo, passava por ali, chegando do campo. Eles o
forçaram a carregar a cruz.
Reflexão
Zombaria e insultos, total falta de respeito para com a pessoa humana.
Tudo isso Jesus suportou, talvez impressionado pela crueldade humana. Vestido
com um manto púrpura, símbolo do Imperador, a ironia cruel: o Senhor do
Universo, coroado com espinhos, vestido com o manto do Império, totalmente
exposto: “Eis o homem!” exclama Pilatos em outra narrativa. Eis o humano!
eis-me aqui! Humilhado, porque minhas atitudes não condizem com as afirmações da
mídia e da moda. Também eu tenho prazer em humilhar alguém? Seria eu capaz de,
como Simão de Cirene, mesmo forçado, carregar a cruz de outrem?
CRUXIFICÇÃO
Lemos no
Evangelho segundo João: (João
19:17-30)
Levando a sua própria cruz, ele saiu para
o lugar chamado Caveira (que em aramaico é chamado Gólgota). Ali o
crucificaram, e com ele dois outros, um de cada lado de Jesus. Pilatos mandou
preparar uma placa e pregá-la na cruz, com a seguinte inscrição:
JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.
Muitos dos judeus leram a placa, pois o
lugar em que Jesus foi crucificado ficava próximo da cidade, e a placa estava
escrita em aramaico, latim e grego.
Os chefes dos sacerdotes dos judeus
protestaram junto a Pilatos:
_"Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’,
mas sim que esse homem se dizia rei dos judeus". Pilatos respondeu:
_"O que escrevi, escrevi".
Tendo crucificado Jesus, os soldados
tomaram as roupas dele e as dividiram em quatro partes, uma para cada um deles,
restando a túnica. Esta, porém, era sem costura, tecida numa única peça, de
alto a baixo.
_"Não a rasguemos", disseram uns
aos outros; "vamos decidir por sorteio quem ficará com ela." Isso
aconteceu para que se cumprisse a Escritura que diz: "Dividiram as minhas
roupas entre si, e tiraram sortes pelas minhas vestes".
Foi o que os soldados fizeram.
Perto da cruz de Jesus estavam sua mãe, a
irmã dela, Maria, mulher de Cleopas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe
ali, e, perto dela, o discípulo a quem ele amava, disse à sua mãe:
_"Aí está o seu filho", e ao discípulo:
_ "Aí está a sua mãe".
Daquela hora em diante, o discípulo a
levou para casa.
Mais tarde, sabendo então que tudo estava
concluído, para que a Escritura se cumprisse, Jesus disse:
_"Tenho sede".
Estava ali uma vasilha cheia de vinagre.
Então embeberam uma esponja nela, colocaram a esponja na ponta de um caniço de
hissopo e a ergueram até os lábios de Jesus. Tendo-o provado, Jesus disse:
"Está consumado!"
Com isso, curvou a cabeça e entregou o
espírito.
Reflexão
Vilipendiado e humilhado até a cruz, Jesus está nu e totalmente
exposto ao escárnio público. Suas vestes são sorteadas! Espólio de um
criminoso.
Mesmo assim, em meio à dor e à certeza da morte, Jesus mostra carinho
com sua mãe. Um momento de ternura e de preocupação com aquela que O carregou
em seu ventre e O criou. Um discípulo amado! Uma mãe em prantos! Uma
preocupação, um pedido e uma entrega: “eis seu filho, eis sua mãe!” Palavras de despedida antes da morte.
A morte! O destino de todos os seres humanos e de toda a vida, parte
do movimento da natureza e da Criação.
Não era para ser assim, mas o Pecado fez isso. Da vontade indomável de
poder absoluto, ser igual a Deus, resultou a
total fragilidade, a morte.
Com Sua morte, Sacrifício Único, Perfeito, Completo e Suficiente, Jesus me garantiu o perdão dos meus pecados.
O Cristo, o Filho de Deus, A Palavra Criadora, esvazia-Se na condição
humana até a morte, e morte
humilhante, como diz São Paulo aos Filipenses.
Eu também vou morrer, algum dia. Todas as pessoas que eu amo, também
morrerão um dia. O que deixarei? qual o meu legado? Estou pronto para
despedir-me? Estou apto a dizer “está consumado!” e entregar minha Vida de
volta a Deus? ou não será Deus quem virá recebê-la? Só eu posso responder e decidir quanto a
isso! Jesus me faz um convite! Posso aceitar ou rejeitar. É uma decisão sobre
Vida ou Morte.
SEPULTAMENTO
Lemos no
Evangelho segundo Mateus: (Mateus
27:57-60)
Ao cair da tarde chegou um homem rico, de
Arimatéia, chamado José, que se tornara discípulo de Jesus. Dirigindo-se a
Pilatos, pediu o corpo de Jesus, e Pilatos ordenou que lhe fosse entregue.
José tomou o corpo, envolveu-o num limpo
lençol de linho e o colocou num sepulcro novo, que ele havia mandado cavar na
rocha. E, fazendo rolar uma grande pedra sobre a entrada do sepulcro,
retirou-se.
Reflexão
O Cristo precisou de um túmulo emprestado. Não seria por muito tempo,
mas precisou ser emprestado. Muitas
pessoas vivem hoje com Deus sepultado em seus corações e mentes. O vazio
interior provocado pelo imediatismo e pelo egoísmo, é o sinal de que o Cristo
está sepultado nessas pessoas e não pode assim despertá-las para a Vida! O
coração humano, túmulo de Deus!
Serei eu um túmulo de Deus? o que mantenho em meu coração e minha
mente? um deus morto? um deus sem vida?
ou o Cristo Ressuscitado, o Deus Vivo, que veio para trazer-me Vida em
abundância? Sou como o túmulo emprestado por José de Arimateia, onde o corpo
morto do Filho de Deus permanecerá por pouco tempo, o túmulo com esperança? Ou
meu coração é um túmulo perpétuo de onde jamais sairá a Vida? Como tenho
vivido? o que me motiva?
Rev. Luiz Caetano, ost+
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