São Paulo escreveu ao Gálatas:
Antes que viesse esta fé, estávamos sob a custódia da lei, nela encerrados, até que a fé que haveria de vir fosse revelada. Assim, a lei foi o nosso tutor até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. Agora, porém, tendo chegado a fé, já não estamos mais sob o controle do tutor. Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa. Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei, a fim de redimir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus corações, o qual clama: "Aba, Pai". Assim, você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, Deus também o tornou herdeiro. (Gálatas 3.23-29; 4.4-7 – N.V.I.)
É uma pena que para muitas pessoas o nascimento de Jesus signifique apenas um momento do ano para se ganhar presentes. Nada contra os bonitos presentes que ganhamos neste momento especial do ano, mas não podemos reduzir o Natal a isso.
Quando lemos as escrituras, e em especial a perícope acima, nos damos conta que o primeiro Natal não significou exatamente aquilo que as pessoas hoje leem e acreditam. O primeiro Natal é descrito neste texto como sendo um momento especial. Ele é descrito como a “plenitude dos tempos”.
Por causa desta visão tão especial que Paulo tinha acerca do Natal, nos animamos a refletir hoje sobre o seguinte tema: “Quando a plenitude dos tempos chega…”
Quando a plenitude dos tempos chega, em primeiro lugar, somos livres da escravidão (v. 4, 5):O apóstolo Paulo descreve nossa relação com a Lei ( O Pentateuco), que regia os relacionamentos entre Deus e os homens, como uma relação de submissão. Ele nos diz, por exemplo, que todos estávamos “encerrados” (3:23) ou seja “aprisiona-dos”, “tutelados” (3.23) e “submetidos” (3:25) a ela.
Quando Paulo nos diz que a Lei nos servia de “tutor”, ele estava dizendo que a Lei era uma espécie de guia que deveria nos levar até a escola para que aprendêssemos algo. E, de fato, a Lei nos ensinou o quão pecadores somos. O grande mérito da Lei, segundo Paulo, foi nos ensinar que somos pecadores. Foi nos revelar quem, de fato, somos, e quão necessitados estamos de um médico. A Lei, contudo, era incapaz de apresentar um remédio para a realidade que ela, tão eloquentemente, descrevia. A chegada da plenitude dos tempos, identificado por Paulo como o envio do Filho (v. 4), contudo a realidade muda: O período de escravidão está no fim e a libertação se aproxima.
Quando a plenitude dos tempos chega, em segundo lugar, somos transformam em filhos (V.6). Que mudança radical Paulo descreve aqui! Paulo se serve de uma figura para explicar esta mudança: a figura de uma família. Nas famílias da época além dos pais e dos filhos, havia também os escravos.
Estes não gozavam, obviamente, das mesmas condições e privilégios que eram próprios aos filhos. Contudo, com a chegada da plenitude dos tempos, os escravos são agora transformados em filhos. Eles são, segundo o texto, resgatados (v.5) do poder da Lei e adotados como filhos. A marca mais forte de que agora somos “filhos de Deus” é nosso direito de dizer aquilo que só os filhos legítimos podiam dizer: “Aba, Pai” (v.6), que significa “paizinho”.
Finalmente, quando a plenitude dos tempos chega, em terceiro lugar, somos contados entre os herdeiros (v.7). Uma vez que Deus nos resgatou dos grilhões da Lei, uma vez que ele nos adotou como filhos e nos deu o direito de chamá-Lo como os filhos legítimos o chamam; Ele, na plenitude dos tempos, também nos fez seus herdeiros. Como membros da família de Deus somos também beneficiários e herdeiros de todos os bens de nosso Pai. Esta figura nos assegura que a “fazenda” do Pai pertence a seus filhos e filhas, assim como o “Reino” de Deus também nos espera. E o que nos garante a posse e a entrada nesta nova realidade em que mora a paz, é a plenitude dos tempos, que já chegou.
Esse o grande significado do Natal!
Rev. Daniel, ost
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