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02 setembro 2011

Por que chora o Bonde?

Bonde peqA imagem do bondinho chorando está se tornando símbolo da mobilização do povo de Santa Teresa que exige respostas e providências do Estado quanto à situação dos Bondes.
Na quarta-feira, dia 31 de agosto, a AMAST (Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa) realizou uma Plenária no templo da nossa Paróquia, com comparecimento de muitos moradores, lideranças comunitárias do bairro, e políticos solidários à causa da população de Santa Teresa. A indignação era geral, assim como a tristeza e a revolta. A AMAST recebeu uma quantidade enorme de sugestões e propostas concretas, que ainda estão sendo separadas e organizadas.
A mobilização continuou com manifestação diante da Estação da Carioca na quinta-feira pela manhã e um ato público no Largo do Guimarães à noite! ironicamente, quinta-feira era dia do aniversário do Bonde: 115 anos!  Foi quando começou a circular o cartaz do Bonde chorando, criação do Zod, artista plástico residente em Santa Teresa. Um cartaz que não precisa de palavras, como um ícone religioso (!), e traduz o sentimento da população do nosso maltratado bairro.
O Bonde chora pelo abandono a que foi condenado pelo poder público! O Bonde chora porque foi adulterado em sua forma e características em nome da “modernização”.  O Bonde chora por causa do sucateamento que vem sofrendo há anos, para fortalecer o argumento de “privatização” dos serviços. O Bonde chora, e o bairro chora com ele, as vítimas dos acidentes que passaram a acontecer depois que o Bonde deixou de ser Bonde para ser um “Veículo Leve sobre Trilhos” (VLT) resultado do que chamaram de modernização: uma carroceria de bonde sobre rolantes de trem, um monstrengo inadequado para a topografia do Bairro. O Bonde chora porque, vítima do desgoverno, passa ser acusado de inadequado, de retrógrado, de incômodo,e agora sofre a ameaça de morrer definitivamente em nome da “modernização”.
O Bonde chora porque deseja ser restaurado à sua dignidade de transporte coletivo do bairro, o nosso “bondinho”, alma de Santa Teresa, parte inseparável do nosso micro-universo cultural, da identidade teresiana. Aliás, creio que Teresa de Ávila, a Santa, chora no céu ao ver o que se faz com o Bairro da qual é a padroeira e inspiradora.
O Bonde chora, mas não se entrega! O Povo de Santa Teresa não se entrega. O Bonde que chora não é símbolo apenas da nossa tristeza, mas é ícone da luta dos moradores do bairro, das comunidades que formam o complexo de Santa Teresa. São lágrimas de quem luta, não lágrimas de quem foi derrotado!
Saibam, autoridades, que aqui em Santa Teresa, o Senhor do Universo anda de Bonde!!! e Ele quer continuar andando! e vai continuar sendo o nosso principal companheiro de jornada diária no bondinho, que está parado, mas não morreu!
Ele estava no acidente, sofre com as vítimas, acolheu Nelson e os falecidos em Sua Vida, e está conosco em todas as manifestações de protesto e repúdio que fazemos. Ele exige, conosco, o respeito à nossa dignidade cidadã! Não provoquem Sua Justiça!
Rev. Luiz Caetano, ost+
(acompanhe a luta do Povo de Santa Teresa por dignidade, respeito e em defesa do Bonde, a alma de nosso bairro, no site da AMAST).
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MOBILIZAÇÃO: Próximas ações


Sábado, 03 de setembro : 
     16h00 - Marcha saíndo do Curvelo até o local do acidente.
     19h00 - Missa de Sétimo Dia do Nelson, na Matriz de Santa Teresa (Rua Aurea), marcada por sua família.


Domingo, 04 de setembro:
     11h00 - Missa pelas vítimas do acidente - Paróquia Anglicana S. Paulo Apóstolo.


Terça-feira, 06 de setembro:
     15h30 - Concentração em frente ao Ministério Público. A Diretoria da AMAST terá audiência com o Procurador Geral às 17h00

Quinta-feira, 15 de setembro:
      10h00 - Audiência Pública sobre os Bondes na Assembléia Legislativa (ALERJ) - vamos lotar a galeria!

Se você mora em Santa Teresa ou apoia nossa luta, venha somar forças!
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Um comentário:

Daniella Schiller disse...

Aqui no sudoeste da Alemanha e também na Holanda, deram algum destaque na imprensa sobre o acidente. Alguns jornalistas questionam as condições da cidade do Rio de janeiro hospedar as Olimpíadas e o Mundial de Futebol, alegando a incapacidade de infraestrutura da cidade, há críticas ao governo brasileiro, embora por aqui não conseguem entender as diferenças entre nossos governos nacional estadual e municipal...
Todavia, fico feliz em saber que a Paróquia tem estado ativa nessa questão toda, através do seu Pároco. Beijos.

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