Nossa Paróquia sempre esteve envolvida em ações ecumênicas, seja pela participação de nossa liderança em eventos e organizações ecumênicas, seja também hospedando eventos ecumênicos.
Mas afinal o que vem a ser Ecumenismo?
A palavra Ecumenismo tem raiz no grego “Oikomene” – o mundo habitado, a Casa Comum, a Casa de Todos… e tem muito a ver com as relações humanas de solidariedade e cooperação.
A origem do Movimento Ecumênico se dá no século XIX. Na Conferência de Lambeth de 1868 os Bispos da Comunhão Anglicana fazem um apelo para que a atividade missionária cristã seja pautada pela união de esforços e cooperação ao invés de concorrência entre as Igrejas. A partir desse apelo, surge um movimento que vai culminar com a Conferência sobre a Missão, em Edimburgo, em 1910, que marca o início da caminhada que levou à fundação do Conselho Mundial de Igrejas em 1948, reunindo as Igrejas Protestantes, Orientais e de Tradição Anglicana. Depois do Concílio Vaticano II, a Igreja de Roma se aproxima do Movimento Ecumênico (até então ele era considerado anátema pelos Papas), mas tal aproximação se dá apenas em nível do Ecumenismo Institucional.
No meu tempo de jovem, e ainda hoje, o ecumenismo se traduz em ações concretas de cooperação e solidariedade entre as comunidades cristãs e também com comunidades não cristãs. Na verdade, ação ecumênica é ação entre pessoas e não entre instituições!
Há quem faça distinção entre Diálogo Ecumênico (que seria entre cristãos) e Diálogo Inter-religioso (com outras religiões). Na verdade, esse é o entendimento Católico Romano, mas para nós – e isso é histórico – o Ecumenismo envolve mais que simplesmente as religiões, mas as culturas!
O paradigma do Movimento Ecumênico é que solidariedade, cooperação e convívio são possíveis entre culturas diferentes. Ecumenismo significa, portanto, inclusão e solidariedade entre diferentes, entre os diferentes habitantes da Casa Comum. Não se trata de simples tolerância, mas de reconhecimento do direito de existir do diferente, pois o paradigma maior é a Vida em Plenitude.
Isso não significa que os cristãos deixem de fazer Missão e o Evangelho não deva ser anunciado! Na verdade, o anúncio do Evangelho se faz não por apologia de sermos melhores que os outros ou os únicos detentores da verdade, mas se dá pelo testemunho concreto de atitudes e ações em respeito à Vida e à Identidade dos outros.
Deus tem sua própria maneira de revelar-Se às culturas humanas. Não precisa que nós levemos a nossa cultura para outros a adotarem. Deus não depende da nossa cultura, nem da nossa crença; Ele é maior que isso.
Como na figura acima, o Cristo está sempre presente, como Mistério, transfigurado nos elementos da realidade! Esse é o significado da palavra Mistério: aquilo que sendo oculto, é revelado! Fazer Missão é, acima de tudo, perceber o Mistério de Deus em Sua Presença na humanidade, e anunciar isso através de atitudes e testemunho.
Assim, a primeira e mais importante ação de um missionário cristão é tentar compreender como Deus se manifesta aos diferentes e – mais do que o falar abusadamente – dar seu próprio testemunho de vida diante dos diferentes, não por ser melhor que eles, mas para ser sinal do Amor de Deus por todas as pessoas – afinal essa é a Boa Nova Cristã (Evangelho): Deus nos ama primeiro!
Não é dever do missionário converter! isso, segundo a boa teologia dos Pais da Igreja, é obra do Espírito Santo. É dever do missionário testemunhar o Evangelho de Cristo através de sua presença solidária e de serviço às necessidades dos outros.
Assim, o ser ecumênico impede a ação proselitista, mas não impede a ação missionária. Antes, o ser ecumênico nos faz missionários da boa vontade e da cooperação solidária, sinais da ação do Espírito de Cristo em nossas vidas. Anunciar o Evangelho não é anunciar um deus, mas um modo de vida, anunciar um Reinado que já está entre nós e sopra Ventos de boas novas em todas as culturas humanas que estejam abertas à promoção da Vida em todos os sentidos.
É nesse espírito que nossa Paróquia desenvolve sua ação missionária, em Santa Teresa e arredores, procurando obedecer a Cristo, ver os Sinais dos Tempos e colher os Frutos do Espírito. Que a Igreja cresça pela ação do Espírito Santo e não pela nossa capacidade de convencer os outros!
Rev. Luiz Caetano, ost+
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