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23 maio 2017

Ascensão: espiritualidade pé no chão!

ascensãoA narrativa da ascensão de Jesus aparece em três versões: em Marcos, em Lucas e nos Atos dos Apóstolos. Mateus e João não contém essa narrativa, a partir do contexto em que estes Evangelhos foram escritos.

O Evangelho segundo Marcos faz uma pequena referência à ascensão do Senhor e conclui afirmando estar Ele à direita de Deus (significando que Ele detém o poder de Deus).

Mas em Atos dos Apóstolos e no Evangelho de Lucas, a narrativa é bem detalhada, embora um pouco diferente nos dois livros.

Lucas conclui afirmando, como Marcos, que o Cristo foi se afastando e levado para o Céu (lugar de Deus) e os discípulos retornam a Jerusalém cheios de alegria. Mas o Livro de Atos apresenta um detalhe importantíssimo:

1.8 Porém, quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão poder e se-rão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até nos lugares mais distantes da terra. 9 Depois de ter dito isso, Jesus foi levado para o céu diante deles. Então uma nuvem o cobriu, e eles não puderam vê-lo mais. 10 Eles ainda estavam olhando firme para o céu enquanto Jesus subia, quando dois homens vestidos de branco apareceram perto deles 11 e disseram: — Homens da Galileia, por que vocês estão aí olhando para o céu? Esse Jesus que estava com vocês e que foi levado para o céu voltará do mesmo modo que vocês o viram subir. (Atos 1.8-11 - NTLH)

O Senhor Jesus informa os discípulos que eles serão revestidos de poder pelo Espírito Santo e se tornarão Suas testemunhas em todo o mundo. Em seguida Jesus é coberto pela nuvem (no Antigo Testamento a nuvem significa a Presença de Deus, que guiou o povo hebreu pelo deserto). E então surgem dois mensageiros celestes que informam sobre a presença (a volta) de Cristo e que eles não devem permanecer “olhando para o céu”.

Considerando que o Livro de Atos e o Evangelho de Lucas têm o mesmo contexto de autoria, então o texto de Atos completa o texto de Lucas: não só os discípulos voltam alegres para Jerusalém, mas munidos na missão de testemunharem o Cristo por todo o mundo, sem ficar “olhando para céu”, mas olhando para frente, caminhando e testemunhando.

Na sequencia do texto de Atos, os discípulos escolhem Matias para compor o Grupo dos Doze e eles recebem o Espírito Santo, conforme Jesus havia lhes dito. E a partir daí, começam a testemunhar a Boa Nova: aquele Jesus que fora crucificado e morto está vivo e é o Senhor oferece a todas as pessoas a possibilidade de uma vida em comunhão com Deus, que se torna, em Cristo, companheiro de caminho.

Podemos tirar dessa narrativa e sua sequencia em Atos, lições importantes:

    1. A Comunhão com Deus não significa “ficar olhando para o Céu”, mas estar alegre e testemunhando o Evangelho.

     2. A Ascensão implica que a continuidade da Missão de Deus em Jesus, o Cristo, continua para sempre, através dos discípulos e discípulas do Cristo, com os quais Ele permanece presente e em missão, por obra do Espírito Santo.

     3. Não é tarefa dos discípulos e discípulas de Jesus ficarem com os olhos voltados para o Céu, em expectativa passiva, desligada do mundo, uma espiritualidade que encobre o senso da realidade e da responsabilidade em viver (ou seja, é alienante).

     4. A espiritualidade cristã, considerando a Ascensão de Jesus, o Cristo, é a Espiritualidade do Caminho e da Missão, com os pés no chão!

A Fé que dá certeza à Esperança é o horizonte onde se vislumbra o Reino de Deus, e a missão se faz caminhando. Como cantou Geraldo Vandré antes de ser emocionalmente destruído pela tortura; na minha juventude esse poema era o hino inspirava a missão de defender a Justiça e construir a Paz:

Os amores na mente, 

As flores no chão,

A certeza na frente,

A história na mão,

Caminhando e cantando

E seguindo a canção,

Aprendendo e ensinando

Uma nova lição!

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Rev. Luiz Caetano, ost+

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Um comentário:

Edson Amaro de Souza disse...

Talvez se as pessoas olhassem tanto para o céu, um certo barbudo não poderia dizer que a religião é o ópio do mundo. Se as pessoas se preocupassem menos em ir para o céu depois da morte e se preocupassem mais em mudar para melhor esse mundo, ele já estaria bem melhor.

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