Porque a experiência religiosa é algo muito pessoal, algo muito íntimo.
Imagine que eu te dê algo para comer, e te diga: “tem gosto de laranja”. Se você conhece o gosto da laranja, tudo bem, vai entender e até já imagina o sabor. Mas tente explicar para alguém que nunca viu ou provou uma laranja qual é o gosto da laranja.
Tente dizer: é meio azedo! O outro pergunta “meio azedo como o limão?” Você vai dizer, “depende, tem umas que são, mas outras são doces”... Ou seja, você só poderá explicar o sabor da laranja por semelhanças, por aproximações. O melhor mesmo é dar uma laranja ao outro, para que ele prove. E, para que ele possa realmente conhecer o sabor de laranja, terá de provar várias, de várias qualidades: as mais doces, as mais azedas... até que ele tenha em sua mente o conceito claro do sabor da laranja. Assim é a experiência da fé e a opção por uma Igreja.
Quem teve sua experiência com Deus sabe que jamais poderá contar como ela foi, apenas pode falar sobre ela, pode usar aproximações : “uma experiência maravilhosa”, “uma sensação enorme de felicidade”, e assim por diante. A experiência com Deus é algo muito pessoal, muito íntimo... quem a teve, compreende quando outra pessoa fala sobre isso. A Fé é um dom, não uma conclusão!
Mas jamais alguém poderá dizer que “minha experiência com Deus foi melhor que a tua”, assim como dizer que “quem não viveu exatamente a mesma coisa que eu, não encontrou a Deus ainda”. Quem disser isso apenas está comprovando que jamais teve uma experiência com Deus. Viveu lá uma emoção qualquer, mas um encontro com o Senhor, isso com certeza não! Sabe por que?
Porque o Senhor sabe que somos diferentes – afinal, Ele nos criou como indivíduos particulares; e conhece cada um de nós melhor que nós mesmos. Só Ele sabe como atingir a cada pessoa no coração e na mente. Aquilo que para mim foi um grande sinal do amor de Deus, talvez para você seja desapercebido ou mesmo algo meio “bobo”.
Conheço alguém que converteu-se quando, caminhando pelo centro de São Paulo, em meio ao concreto e o asfalto, viu uma flor brotando de uma fresta num muro. Essa pessoa me contou que naquele momento sentiu uma paz profunda e conseguiu entender o amor de Deus: “é como essa flor, no meio de tanta pedra e concreto, ela desponta ... Deus sempre encontra uma brecha para mostrar seu amor...” Muita gente passou por aquela flor, mas nem a percebeu... Eu mesmo me surpreendi quando essa pessoa me procurou para dizer-me “Pastor, uma florzinha me convenceu do amor de Deus... quero agora estudar mais a Bíblia e me tornar um verdadeiro cristão...” e me contou essa história. Hoje, essa pessoa é ministro ordenado de uma Igreja! E têm um belo ministério.
Por isso, é muito triste quando a gente vê, na Igreja, pessoas dizendo que uma outra não tem Deus no coração porque ora de olhos abertos, ou não inclina a cabeça... ou porque usa roupa de certa cor, ou porque não gosta de certos corinhos do grupo de louvor... Pior ainda é quando as pessoas dizem que tal Igreja não é verdadeira porque é diferente da sua... criticam negativamente outras Igrejas sem conhecerem sua História, sua Tradição... detestam a diferença!
Leia Marcos 9.38-41 e também João 10,14-16. E reflita: é correto pensar que o diferente de mim não é amado por Deus? é correto pensar que Igrejas diferentes da minha não conhecem a salvação? será que para ovelhas estarem no mesmo rebanho têm de ser todas iguais, como se uma fosse clone da outra?
Tem gente por ai querendo que a Igreja seja uma enorme comunidade de clones... por isso é tão intolerante. São “donos da verdade”, mas será que conhecem a Verdade?
Rev. Luiz Caetano, ost+
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