Eu só vim a conhecer o Mestre Messias quando ele morreu. Na verdade, eu o via vez em quando, passando aqui pelas vizinhanças, mas não sabia quem ele era. É estranho conhecer alguém quando morre. Na verdade, você não conhece a pessoa, apenas vê seu cadáver, o corpo sem vida.
Mas eu o conheci pelo testemunho de seus muitos amigos que vieram ao velório, que aliás, aconteceu no templo da Paróquia. Na verdade, o Messias era pobre, sua família é pobre. Ele vivia de favor na casa de amigos; fizemos uma coleta para pagar seu funeral: serviços de funerária, caixão, cremação… (a Paróquia não cobrou nada, como é o costume).
Aconteceu assim: era bem cedo na manhã de uma segunda-feira, meu pretenso dia de folga, quando uma moça bateu à porta da casa paroquial provisória, e me explicou a situação. Um artista do bairro morrera no sábado, de ataque cardíaco, o corpo estava ainda no IML porque não tinham onde fazer o velório, perguntou se poderia ser feito no templo. Senti a angústia da moça, concordei e ela me ajudou a preparar o templo.
Na conversa fiquei sabendo que o Messias gostava do templo, e uma vez fez uma apresentação musical lá, há alguns anos. Aos poucos ela foi me falando sobre aquele senhor cujo corpo chegaria pela parte da tarde.
Durante o velório, quase a noite toda, o vai e vem de pessoas foi grande. Conversei com algumas. Fiquei sabendo que o Mestre Messias era pintor e músico, compositor, que havia ensinado muitas pessoas e por isso era chamado de Mestre. De vez em quando chegavam alguns músicos e pediam licença para tocar algo composto pelo Mestre Messias; eu sempre concordava, fiel ao princípio anglicano da diversidade e respeito pela manifestação solidária daqueles que sofriam a perda do amigo, do mestre…
A cerimônia de Encomendação foi muito simples e emocionante, com muita música e oração, estando o templo decorado com muitos dos seus quadros. Uma semana depois, um grupo grande se reuniu novamente no templo, para o Ofício Memorial. Foi também emocionante.
Acabei me tornando conhecido, e até amigo, de algumas pessoas que tinham relações com o Mestre Messias. Foi por meio delas que fiquei sabendo muita coisa sobre o Mestre: sua vida, suas frases de efeito, seu carinho pelos discípulos, seus projetos de arte para crianças… cheguei a conhecer a história de alguns dos quadros que ele pintou.
No domingo passado, 1º de maio, aconteceu no Parque das Ruínas, aqui perto, uma homenagem especial ao Mestre Messias. Muita gente presente, música, dança, testemunhos… os amigos e discípulos celebravam a vida do Mestre Messias no mesmo lugar onde lançaram suas cinzas após a cremação. Ouvi novamente vários testemunhos, e cheguei até mesmo me surpreender dançando uma ciranda.
Hoje eu posso dizer que conheço o Mestre Messias dos Santos, e sei muito sobre ele, e o admiro como pessoa humana, pelo testemunho de seus muitos amigos e discípulos. E já falei dele para outras pessoas que não o conheceram…
O Mestre Messias me faz pensar em um outro Messias, que também era chamado de Mestre pelos discípulos e amigos. Esse outro Messias Mestre eu também conheci pelo testemunho de outras pessoas, que me falaram dele de muitas maneiras, contando sobre o que ele fez e faz.
Como o Mestre Messias, esse outro Messias Mestre é lembrado e celebrado pelos muitos amigos e discípulos todos os dias, e especialmente nos domingos. Como o Mestre Messias, esse outro Messias Mestre é uma pessoa que obriga a gente a tomar uma posição sobre ele: ou gostamos dele, ou não gostamos. Para muitas pessoas, um e outro são estranhos, suspeitos, e não se encaixam muito dentro de certos padrões moralista; para outras pessoas, são referencia de vida, motivo de celebração…
O Mestre Messias dos Santos me fez pensar muito no outro Messias Mestre, que é o Santo de Deus. Conheci os dois, primeiro, pelo testemunho de outras pessoas, mas o outro Messias Mestre, o Santo de Deus, eu um dia o conheci pessoalmente, ele chegou até mim de surpresa, me pegou numa esquina da vida, e hoje posso até dizer o seu Nome: Jesus de Nazaré, o Cristo de Deus!
O Mestre Messias dos Santos não está mais entre nós, repousa na casa do Papai e da Mamãe do Céu, é parte da Comunhão dos Santos; com certeza já conhece o outro Messias Mestre, e talvez o tenha conhecido antes, como ovelha de algum dos diferentes currais que o outro Messias Mestre tem pelo mundo…
Mas o Mestre Jesus, o Messias de Israel, o Cristo de Deus, está vivo, entre-nós, é Deus conosco, Emanuel.
Cabe à Igreja fazer como fazem os discípulos do Mestre Messias dos Santos: testemunhar o quão importante foi para eles conhecerem seu Mestre. A Igreja só tem uma missão no mundo: anunciar que o Messias Mestre está vivo, Ressuscitado entre nós, companheiro de caminho para quem quiser seguir ao Seu lado.
Você poderá encontrá-lo em alguma esquina da vida, Ele está Vivo e quer ser seu amigo! Ou poderá vir ao nosso templo, onde nós celebramos com Ele aos domingos, às 11h00...
Luiz Caetano, ost+
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Um comentário:
Parabens ! Rev.Caetano o texto muito bem elaborado mostra de maneira clara a vocação desta porção da igreja de Cristo.Ecumênica e aberta a todos sem segregar pessoas devido sua cor,religião ou orientação sexual.É por essas e outras que me orgulho da decisão que tomei a 5 anos atraz de me tornar membro desta parte da igreja de Cristo.
Fica na paz .
Rodrigo
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