Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a ensiná-los, dizendo: "Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. (Mateus 5.1-12 – Almeida,R.A.)
Na Tradição do Antigo Testamento, a Lei declarada por Moisés se torna lei dos hebreus. Todavia, com o passar do tempo foi reinterpreta pelos interpretes autorizados (escribas e fariseus) para favorecer, no tempo do Novo Testamento, os religiosos e as elites judaicas, se tornando opressora e excludente do povo mais simples da época.
Os mais simples não tinham como observar os inúmeros preceitos lei que eram impostos para eles, sendo considerados sempre “pecadores”, “devedores” para com os códigos de purificação a serem cumpridos no Templo, através de sacrifícios e ofertas. Por outro lado, as elites do Templo e das Sinagogas, cumprindo esses preceitos, julgavam-se “puras”, “justas” e “santas”.
Neste contexto que é declarada as Bem Aventuranças (no grego: makarion), Jesus proclama um caminho alternativo para o povo simples, um caminho de justiça e amor, um olhar para vida de maneira mais leve e livre. As bem aventuranças não têm a intenção de substituir a Lei mosaica. Antes, são um chamado, ou uma proposta, para uma nova vida, com a prática da Justiça conduzindo ao Amor e à Paz. Priorizando o direito à vida plena, Jesus empenha-se em retirar as amarras das interpretações equivocadas da Lei, opressoras e excludentes, colocando a Lei no devido lugar sempre a favor do povo simples, humilde e explorado.
Sendo assim a mensagem das bem-aventuranças para hoje se torna mais ao menos assim: Os pobres descobrem seu espaço nas comunidades que vivem a partilha. Os que choram passam a sorrir no novo convívio da fraternidade. Os mansos cativam os corações aproximando-se uns dos outros. Os que tem fome e sede de Justiça são saciados pela conquista disto. Os misericordiosos, cheios de compaixão, livram aqueles que tem sua consciência impregnada de culpabilidade por causa desta visão opressora da vida. Os de coração puro são sensíveis a tudo o que é justo para todos sem discriminação. Os pacificadores se comprometem na construção de um mundo livre da ambição, da violência, do consumismo desenfreado, do hedonismo e egocentrismo.
A pratica do amor é libertador! subverte a ordem vigente porque sempre pensa no outro, na concórdia, nos que estão perto e longe. Infelizmente quem assume esta posição é perseguido, difamado, morto. Mas a alegria de unir a sua vida em comunhão com todas as pessoas, juntamente com Pai – que é amor, fraternidade e paz – é eterna e não cessam neste mundo. Por isso o Cristo fala em “Alegrai-vos e regozijai-vos, pois grande é o vosso galardão nos Céus!”
Rev. Daniel, ost+
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