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26 junho 2013

Santo Albano, mártir

Santo Albano 3Nosso calendário litúrgico celebra a memória de Santo Albano dia 22 de junho. Santo Albano tem um lugar especial na tradição anglicana por ter sido o protomártir (primeiro mártir) da Grã-Bretanha. Vamos conhecer um pouco da vida de Santo Albano e inspirar-nos em seu testemunho (martirya no grego – daí a palavra mártir significar testemunha).

Albano, cuja origem talvez fosse romana, residia em Verulamium, a cidade-fortaleza construída pelos romanos a sudeste da ilha britânica, perto de River Ver, e prestou serviço no exército imperial de Roma. Sendo pagão, nada tinha a temer quando começou a perseguição anticristã, possivelmente a decretada pelo imperador Sétimo Severo e não a do seu sucessor Diocleciano, como alguns historiadores acreditam.

Certo dia, um cristão perseguido chegou à sua casa. Albano o acolheu e escondeu. Observou que o homem mantinha-se em vigília, orando noite e dia. A convivência e o exemplo do hóspede clandestino levaram Albano impressionar-se com a fé cristã. Tocado pela graça de Deus, converteu-se. Tornou-se um cristão, justamente naquele momento de risco de morte tão sério.

Dias depois, soldados foram à casa de Albano, porque souberam que ele escondia um cristão. Quando chegaram, o santo mártir se apresentou vestindo as roupas do cristão procurado e disse: “Aquele que vocês procuram sou eu”. Assim, foi levado, amarrado, perante o juiz.

O juiz ordenou que Albano fosse torturado e ele o foi com extrema crueldade, e tudo suportou com paciência e íntima alegria, testemunhando sua confiança em nosso Senhor. Quando o juiz percebeu que ele não abandonaria a fé cristã, decretou sua morte por decapitação, uma vez que era soldado romano e assim cometera crime de traição ao Império, pois confessava outro Senhor (Kyrios) que não era o Imperador. Ao ser levado para a execução, Albano converteu seu carrasco, que posteriormente também foi executado. O mártir Albano morreu no dia 22 de junho de 304.

Quase um século depois, quando o cristianismo já era reconhecido no Império e os cristãos tinham liberdade para vivenciar sua fé publicamente, no lugar de seu martírio foi erguido um monumento para sua sepultura, o qual se tornou um lugar de muitas peregrinações nos séculos seguintes. São Germano, que fez peregrinação ao túmulo de Albano, levou para a Gália um pouco da terra da sepultura do venerado mártir, em 429. Dessa forma, Albano passou a ser venerado também no continente.

Ainda no século V, com a retirada dos romanos, a Grande Bretanha foi invadida por tribos germânicas (anglo-saxões), as quais, mais tarde,  foram evangelizadas e passaram a propagar o culto do admirável mártir Albano por toda a Alemanha. O papa Gregório Magno, entre os anos de 590 e 604, concedeu a autorização para o culto e declarou Albano santo e mártir pelo testemunho da fé em Cristo.

No lugar onde foi martirizado, formou-se a cidade que hoje leva o seu nome: Saint Albans, ao norte da área metropolitana de Londres, onde se encontra a esplêndida Catedral de Santo Albano. A Igreja festeja-o no dia 22 de junho, mas em algumas regiões é homenageado no dia 17, isso porque um antigo copista cometeu um erro e trocou o numero romano XXII por XVII.

A história da Igreja conta com muitas testemunhas que deram sua vida pela fé. É preciso entender que, no tempo do Império Romano, os cristãos eram condenados por um motivo político e não religioso.

O Império Romano era bastante liberal no que se referia à religião; aliás, essa era uma das táticas para manter a Pax Romana: o respeito à cultura e às tradições dos povos dominados, desde que se mantivesse o Imperador como Sumo Pontífice, ou seja supremo chefe religioso, de qualquer religião, e em alguns momentos, o Imperador devia ser honrado como divino. O título “Kyrios” (Senhor Absoluto) era exclusivamente atribuído ao Imperador.

Mas os cristãos teimavam em reconhecer como Kyrios a Jesus – quem, do ponto de vista do Império, havia sido um fora-da-lei e agitador, condenado à morte pelo governo romano da Judéia, sob a acusação de proclamar-se Rei.

Ora, reconhecer outro “Kyrios” que não fosse o Imperador, era considerado crime de alta traição. Assim, os mártires cristãos deram sua vida por afirmarem que o senhorio absoluto não cabe a um ser humano, mas exclusivamente ao Senhor dos Senhores, o Filho de Deus, ao Deus encarnado, Jesus, o Cristo.

Rev. Luiz Caetano, ost+

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